Wednesday, May 10, 2023

(novas) relações

 que grande mistério são as relações humanas, não? ou não...

Particularmente eu gosto dos mistérios. E também, e muito, das relações humanas. Nem todas, é claro, apesar de acreditar que conheci algumas poucas pessoas que genuinamente gostavam de todas as suas relações humanas pessoais.

As relações humanas que pretendo tratar aqui são mesmo aquelas que tentamos que nos sejam as mais próximas, escolhidas por nós, mais frequentes no que se refere ao contato e, consequentemente, as mais profundas. Se enquadram no namoro, no trisal, nos contemporâneos de ficante regular, enfim, no que convencionalmente chamamos de casal. Usarei mesmo o termo casal, apesar da certa implicância que tenho ele, muito provavelmente pela implicância profunda que tenho com o "casamento" enquanto modelo (tipo ideal) de relação entre duas pessoas na sociedade em que vivemos.

Certamente há muito estudo sobre o que vou dizer. Profissionais e escritores se dedicaram e se dedicam há muito sobre o tema. Confesso que não tenho nenhum lastro para referenciar, mas entendo que há temas e áreas do conhecimento que todos os indivíduos devem ocupar seu lugar de fala até o limiar de suas percepções (eg, saúde), de forma que, por estar dentro do campo das relações de casal já há bastante tempo, vou emitir um ou dois pitacos que tomara sejam úteis para você que lê, assim como são para mim, como forma de organizar melhor meus pensamentos e minhas atitudes nas relações humanas.

Deve haver algum estudo sobre o ciclo das relações de casal. Se houver, acredito que haja um padrão mais ou menos regular. Minhas observações pessoais a respeito consideram um universo muito pequenino em consideração. Mesmo assim, acredito que dá pra ter uma noção geral sobre a regularidade que costuma acontecer na grande maioria dos ciclos, especialmente nas fases iniciais, ou seja, 

  1. travar conhecimento (como vocês se conheceram?)
  2. se interessar (aquela pessoa é legal, gostei!)
  3. demonstrar interesse (toda a gama dos jogos de sedução, de parte a parte)
  4. propor algum tipo de interação (ainda na sedução, e atualmente pode ser muito variado esse cardápio)
  5. primeiros momentos (aqui se inicia a complexidade e variabilidade, que não me proponho a aprofundar; digamos que esses seriam usualmente os cinco ou dez primeiros encontros, o que incluiria a emissão de frases que indicam simbolicamente o que cada tem em mente no que se refere àquela relação)
  6. "sequencia da franquia" (até onde vai essa relação? Será duradoura? Será prazeirosa para ambos? Ou pelo menos minimamente honesta?)
Tudo isso estruturado, o que me fascina nesse momento são os movimentos que irão fazer o que chamei de "sequencia da franquia" se estabelecerem socialmente. Esclarecendo: o casal é visto por seus pares na sociedade, como sendo representante de algum "tipo ideal" de relação (eg, namoro, casamento, noivado, caso, pegação, amante, etc). Não está muito claro para mim os mecanismos que acontecem dentro das relações e que são usados como símbolos e representam socialmente esses laços. 

Porém nesses momentos ocorre a necessidade de rearranjar os compromissos internos do casal, de forma a acomodar um leque enorme de variáveis em uma visão, digamos, de longo prazo. Para evitar algum mal entendido, e para buscar que você siga comigo, vou tirar do nosso horizonte de análise tudo aquilo que chamo, pelos conceitos do Zygmunt Bauman, dos amores líquidos e sua inegável tendência desses tempos. Me refiro às relações onde cada um tem seu próprio espaço e não pretende oferecer à nenhuma outra pessoa individualmente nenhuma forma de relação estável; "a gente fica junto quando quer, se ama, mas deixa que cada um escolha seu caminho; se o outro viajar, 'segue a vida', 'a fila andou'", etc. 

Tendo removido esse grupo, agora sobram os casais e os que estão tentando formalmente alguma alternativa a isso, certo? São esses que vivem os momentos de sedimentação das novas condições entre o ontem e o amanhã, mas que tem numa certa fantasia de parte a parte um elemento que é fundamental para a coesão (e coerência) da relação,

Como seguir encantado depois que a gente descobre os truques que todos nós utilizamos repetidamente? Como abrir mão dos nossos truques (e traques!) em prol de uma relação mais próxima e saudável? E principalmente: como realinhar as expectativas das conquistas individuais com as conquistas coletivas, com a necessária regularidade, acolhimento e motivação que podem trazer coesão e coerência para um casal?


texto em construção! abaixo as referências que gostaria ainda de colocar

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Cristóvão Bastos:

Nilton Bonder

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