Num mundo filtrado, o facebook escolhe o que eu vejo.
Escolhia, não escolhe mais... e enquanto ele escolhia, eu encolhia!
Dia primeiro de maio, dia bem significativo para implementar um projeto de dois anos, que de certo modo parece contrariar certas tendências: encerrar minha conta do fb.
Nem quero trazer à discussão esta decisão (afinal, eu publiquei 10 vezes esta intenção no próprio fb e não houve nenhuma - insisto: zero! respostas ou comentários sobre isto), mas usar meu e o teu tempo para refletir e aprofundar não só o papel das mídias sociais, como principalmente redefinir o tempo que nos consome em frente aos aparelhos eletrônicos e minhas fontes de informação e trocas afetivas.
Será bom reviver minha decisão de, em 1996, retirar a TV de casa, objeto do qual nunca senti nenhuma falta em casa. Na época, junto com cortar o consumo de açúcar, eu era meio que um ET considerado muito esquisito. Acho que nunca deixei mesmo de ser esquisito, mas com o tempo passei a encontrar mais e mais gente que havia cortado o açúcar, e em seguida a TV. Passei a me sentir mais como um esquisito com pitadas de visionário.... Mas precisamos reconhecer o quanto os streams de video estão a desafiar a todos nós com flixs e flits diversos a nos afogar em séries, quase todas interessantes e bem feitas, mas que ao fim e ao cabo o que nos acrescentaram?
Do título, vou pescar o processo de como o fb (com referência, mas certamente não só ele) acaba ditando meu ritmo de todo dia, e acredito no teu também, se não todo, ao menos em parte. E claro que reconheço que não é exatamente o fb, ele é só talvez o melhor e mais abrangente exemplo.
Os smartphones por si mesmo já são uma praga contemporânea, que sabidamente* podem filmar e gravar tudo que "assistem". O que mais me assusta - e fascina. ao mesmo tempo, é ver que pouca gente (eu generalizaria como "ninguém" mesmo) parece estar muito disposto a combater isto (já temos tanta coisa pra combater, não é?).
Meu desejo é (re)criar um ritmo mais humano para mim e para quem desejar partilhar estas energias (re)criadoras. Daí este blog que já existia antes, vem bem a calhar como uma plataforma de contato aos que estão / estarão distantes. Mas já sofreu críticas duras (infelizmente não quanto ao conteúdo, pois eu sou do tipo de pessoa que gosta de criticas, especialmente as duras...). Mas exatamente por tentar trazer o conteúdo do fb para fora daquela plataforma, que vai aos poucos se transformando numa espécie de repositório de nossas coisas pelo conteúdo e pelas conexões que ali estão.
Mas eu não quero mais que o algoritmo "traga uma solução para um determinado tipo de problema" na minha comunicação. Até porque hoje eu tenho plena convicção de que o tal (algoritmo) opera não só com interesses escusos (semi)ocultos, como - pior, é manipulável por fora do sistema, pelo sistema maior (teoria da conspiração? Se for, prefiro correr o risco de remar contra a maré do que repetir o "eu te disse!" cruel e odiento....)
Então te convido a ...
- manter contato, por aqui, por ali ou acolá (meu email é o mesmo há décadas)
- escrever seus textos. Compartilhar o dos outros pode ser muito bom, mas desenvolver a escrita é melhor!
- visitar outras fontes, na própria fonte ao invés de internamente ao fb. Daí dá pra perceber que não só o teu próprio "algoritmo" é mais eficaz, como principalmente que nós vamos quase sempre nas mesmas fontes e de lá vai ser mais fácil (eu acredito) ver que estamos só nas mesmas fontes - que afinal é o que o fb acaba fazendo como filtro pra nós mesmos
- estudar filosofia e sociologia, outra vez na contramão, não é? E enquanto o rolo não passa, meu querido professor Clovis de Barros Filho está fartamente no youtube auxiliando aos que não tem os livros, ou matrícula na universidade ou ainda tempo para outra forma de aprendizado....
- ler um livro ao menos entre cada série que assistas (melhor ainda: pelo menos um capítulo entre cada episódio, mas aí já é pedir demais, né?)
- ligar para um amigo diferente e falar, de voz falada, e de tempo de escuta, ao menos uma vez por semana.
- se apaixonar pela vida e pela humanidade, que me parece ser a fonte de energia essencial para resistir à barbárie à vista.
- Resistir à barbárie. Com humanidade. Com decisão. Com cautela. Com amor.
O próximo desafio agora será retornar ao modelo mais simples de smartphone, e tirar o sofá do George Orwelll da sala...
E como não estou mais lá, que tal deixar de vez em quando um comentário aqui (ou me mande um email), pra isso não ficar sendo um palanque, e sim uma roda de conversa, hein?
* licença duplo sentido
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